NOTA SOBRE FEBRE MACULOSA
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS
O QUE É
A Febre Maculosa é uma doença febril aguda, de gravidade variável, que pode cursar com formas leves e
atípicas, até formas graves, com elevada taxa de letalidade. A doença é causada por bactérias do gênero
Rickettsia e transmitida pela picada de carrapatos infectados.
Em Minas Gerais, os principais vetores e reservatórios da doença são os carrapatos do gênero Amblyomma
(Amblyomma sculptum), também conhecidos como “carrapato estrela”, “carrapato de cavalo” ou “rodoleiro”.
Já o agente etiológico mais frequente é a bactéria Rickettsia rickettsii, responsável por produzir os casos mais
graves da doença, aqui denominada Febre Maculosa Brasileira (FMB).
Os equídeos, canídeos, roedores como a capivara e marsupiais como o gambá têm importante participação
no ciclo de transmissão da febre maculosa, podendo atuar como amplificadores de riquétsias e/ou como
transportadores de carrapatos potencialmente infectados.
Os principais sintomas da febre maculosa são: febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e
dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés,
gangrena nos dedos e orelhas, paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões
causando parada respiratória. Além disso, com a evolução da doença é comum o aparecimento de manchas
vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das
mãos, braços ou solas dos pés. Embora seja o sinal clínico mais importante, as manchas vermelhas podem
estar ausentes, o que pode dificultar e/ou retardar o diagnóstico e o tratamento, determinando uma maior
letalidade.
TRATAMENTO
O tratamento da FMB é realizado com antimicrobianos, e deve ser iniciado de forma precoce, nas fases iniciais
da doença, como forma de evitar óbitos e complicações. O sucesso do tratamento está diretamente
relacionado à precocidade de sua introdução e à especificidade do antimicrobiano prescrito.
Se não tratado, o paciente pode evoluir para um estágio de apatia e confusão mental, com frequentes
alterações psicomotoras, chegando ao coma profundo.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico pode ser sorológico (padrão ouro), ou por meio da pesquisa direta da riquétsia (bactéria) –
realizada através de técnicas de imuno-histoquímica, biologia molecular (PCR) ou isolamento.
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SAZONALIDADE
Embora casos de FMB possam ocorrer durante todo o ano, trata-se de uma doença sazonal. Verifica-se que
a maior frequência de casos é registrada no período de seca, especialmente entre os meses de abril a outubro.
Nesse período ocorre a predominância das formas de larva e ninfa do carrapato no ambiente; tratam-se de
formas muito pequenas e de difícil visualização, que tendem a permanecer mais tempo aderidas ao corpo
dos indivíduos sem serem percebidas, o que facilita a infecção pela bactéria causadora da doença.
PREVENÇÃO
As principais medidas preventivas na febre maculosa são aquelas voltadas às ações educativas, com vistas
à orientação da população sobre as características clínicas da doença, unidades de saúde e serviços para
atendimento, importância do diagnóstico e tratamento oportunos, áreas de risco e ciclo do vetor.
Para áreas de conhecida infestação por carrapatos ou sob risco de ocorrência de casos recomenda-se:
Uso de repelentes à base da substância Icaridina, que são eficazes na prevenção de picadas por
carrapatos;
Uso de roupas de cor clara, vestimentas longas, calçados fechados (preferencialmente com meias
brancas e de cano longo);
Uso de equipamentos de proteção individual nas atividades ocupacionais (capina e limpeza de
pastos);
Evitar se sentar e deitar em gramados em atividades de lazer como caminhadas, piqueniques,
pescarias, etc;
Examinar o corpo periodicamente, tendo em vista que quanto mais rápido o carrapato for retirado do
corpo, menor a chance de infecção;
Se verificados carrapatos no corpo, retirá-los com leves torções e com o auxílio de pinça, evitando o
contato com unhas e o esmagamento do animal;
Utilização periódica de carrapaticidas em cães, cavalos e bois, conforme recomendações de
profissional médico veterinário;
Limpeza e capina periódica de áreas de vegetação passíveis de cuidados.
AÇÕES DA SES
A SES/MG atua em todo o Estado por meio do monitoramento/Vigilância de casos humanos suspeitos e
confirmados da doença; vigilância ambiental de áreas de risco; divulgação de notas informativas e materiais
orientativos/educativos aos municípios e na realização de cursos e treinamentos para profissionais de saúde.
HISTÓRICO EPIDEMIOLÓGICO MG
Em Minas Gerais, a FMB ocorre em todo o estado, com destaque para as Macrorregiões Centro, Vale do Aço,
Leste e Leste do Sul.
No período de 2018 a 2022 foram confirmados 190 casos da doença no Estado e 62 óbitos, conforme
observado na Tabela 1. A taxa de letalidade média da doença para o período foi de aproximadamente 33%.
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Tabela 1. Frequência de casos e óbitos confirmados por febre maculosa, Minas Gerais, 2018 a 2022
ANO CASOS ÓBITOS
2018 58 22
2019 51 18
2020 16 4
2021 38 12
2022 27 6
TOTAL 190 62
Fonte: CZVFRB/DVAT/SVE/SVS/SES-MG. Junho de 2023.
As faixas etárias mais acometidas estão compreendidas entre 41 a 60 anos, com 72 casos confirmados no
período de 2018 a 2022; na população infantil (faixa etária até 10 anos), foram registrados 28 casos
confirmados, conforme Tabela 2.
Tabela 2. Frequência de casos e óbitos confirmados por febre maculosa, segundo a faixa etária, Minas
Gerais, 2018 a 2022
FAIXA ETÁRIA CASOS CONFIRMADOS
Até 10 anos 28
11 a 20 anos 18
21 a 30 anos 25
31 a 40 anos 17
41 a 50 anos 41
51 a 60 anos 31
>60 anos 29
IGN/BRANCO 1
TOTAL 190
Fonte: CZVFRB/DVAT/SVE/SVS/SES-MG. Junho de 2023.
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CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO 2023
Até o momento foram confirmados 22 (vinte e dois) casos da doença no Estado; destes, 10 (dez) evoluíram
a óbito (Quadro 1).
Quadro 1: Casos confirmados de febre maculosa, MG, 2023*
ID MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA SEXO IDADE EVOLUÇÃO
1 Manhuaçu Masculino 28 Óbito
2 Montes Claros Masculino 55 Cura
3 Oliveira Masculino 50 Cura
4 Diamantina Masculino 28 Cura
5 Caratinga Masculino 65 Cura
6 Santa Luzia Masculino 24 Cura
7 Itabira Masculino 7 Cura
8 Manhuaçu Masculino 54 Óbito
9 Santa Luzia Feminino 34 Cura
10 Conselheiro Lafaiete Feminino 25 Óbito
11 Conselheiro Lafaiete Masculino 23 Óbito
12 Congonhas Masculino 01 Cura
13 Curvelo Feminino 29 Cura
14 Matias Barbosa Masculino 62 Em tratamento
15 Ipaba Masculino 55 Óbito
16 Divinópolis Feminino 19 Cura
17 Divinópolis Feminino 15 Em investigação
18 Divinópolis Masculino 77 Óbito
19 Matozinhos Masculino 55 Óbito
20 Ipatinga Masculino 64 Óbito
21 Naque Masculino 24 Óbito
22 Betim Masculino 37 Óbito
*Dados parciais, sujeitos a alteração.
Fonte: CZVFRB/DVAT/SVE/SUBVS/SES-MG. Dados atualizados em 10/08/2023.
Observação: ressaltamos que o Quadro 1 lista apenas a relação de casos confirmados.
Esclarecemos que, todos os demais casos notificados, classificados como suspeitos, passam por processo
de investigação epidemiológica e ambiental, realizadas pelo município de residência do paciente em conjunto
com a URS de jurisdição, até que seja comprovada confirmação laboratorial ou por critério clínicoepidemiológico.
O status “Em investigação” informado no campo EVOLUÇÃO, remete somente è evolução clínica do paciente (cura ou óbito)
FONTE: Coordenação de Zoonoses e Vigilância de Fatores de Risco Biológicos